Relato do nascimento do fruto do amor em uma união homossexual, por Yolanda Cirello.

***Relato/protesto escrito pela querida Yolanda Cirello em seu blog http://www.yocirello.blogspot.com/ e autorizado pela mesma a ser postado aqui***


"Atualmente existe um novo conceito de família: a que é a tida como "normal", com pai e mãe juntos; aquela em que só existe uma mãe; outra em que só existe um pai; há também a formada por duas mães, ou dois pais, e que, nem por isso, deixa de ser um lar.

Em 2007 a revista Crescer realizou um estudo sobre casais homossexuais que desejam ter filhos. E os entrevistados na época (tô falando de apenas 3 anos atrás!!!!) preferiram esconder o nome ou não posar para fotos. Medo? Sim, do preconceito.

É fato! Estamos no terceiro milênio e ainda arraigados a preconceitos tão severos?

Existem novos núcleos familiares que merecem a proteção jurídica do Estado. Não tem volta, gente, é simples como andar para frente.

Eu, como filha do Poeta da Igualdade, hoje Embaixador da Paz em Genebra, cresci acreditando que a dificuldade da maioria das pessoas em relação a essas novas famílias vem de berço. Aprende-se que o tradicional é o certo. E isso é bobagem. Quanto mais cedo a criança for introduzida aos novos modelos de famílias, mais natural será para ela.

E as escolas têm que contribuir para amenizar o problema. O assunto tem que ser tratado com normalidade e a equipe pedagógica tem que estar preparada para solucionar eventuais crises. Ainda bem que há dirigentes de escolas com sensibilidade, que estão se adequando aos novos modelos de sociedade, e no lugar do Dia dos Pais, do Dia das Mães, criaram o Dia da Família.

Legalmente no Brasil, como vocês devem lembrar, o precedente foi aberto pela Maria Eugênia, a ex-companheira da Cássia Eller. Ela ganhou a guarda do filho biológico da cantora, Francisco (Chicão), em 2002. Mas ainda há um longo caminho a seguir.

Veja isso: uma pesquisa do Instituto Ibope dá uma pista sobre o tamanho da intolerância a ser vencida: 53% das mães brasileiras são contra a adoção de crianças por casais homossexuais. Pelo amor de Deus, o que é isso? Como pode haver um olhar desigual sobre uma criança? Como alguém pode julgar uma diferença? Ter pena? Ter preconceito?

A sociedade tem que se preparar para respeitar as adoções por casais de união homoafetiva, para que os adotados não se sintam discriminados e punidos pelo fato de terem sido acolhidos por uma família que não os excluiu. O Brasil já começa a encontrar guarida na jurisprudência que, além de reconhecer a família formada por par do mesmo sexo, tem decidido, ainda que timidamente, pela adoção de menores por dois homens ou duas mulheres que convivem afetivamente nos moldes da união estável.

Os casais homossexuais, diante da impossibilidade biológica de gerarem filhos entre si, recorrem à adoção como meio de realizar o desejo da maternidade ou da paternidade afetiva. E aí entra a minha história, que começou há tempos atrás, quando, em 1980, conheci uma menininha linda chamada Moira, filha do meu atual marido. A Moira cresceu super bem, antenada, politicamente muito ativa, estudiosa, brilhante. E conheceu a Raquel, também uma mulher muito preparada. E formaram um casal de mulheres adultas, com excelente nível intelectual, prontas para enfrentar o mundo e os preconceitos pobres da sociedade.

Tiveram, as duas, a coragem de trazer para este mundo um filho. Mas resolveram que fosse do próprio ventre. Escolheram não perder este milagre divino da vida de uma mulher. E chamaram um grande amigo para a inseminação artificial. A Raquel engravidou, a família e os amigos entenderam, e quem não entendeu de cara aprendeu a respeitar os limites dos outros, aprendeu a amar a escolha do outro, a exercer a compreensão que deve reger a vida.

E, enfim chegou o Martim! Nasceu ontem, 23 de agosto, em São Paulo, às 21h41. Lindo, forte, com 3,4 Kg e muito, muito amor.


Será fácil pra ele? Para elas? Claro que não! O mundo ainda é o mundo. Mas a gente tem que tentar fazer dele um mundo melhor.

Bem-vindo, Martim, seja muito feliz neste mundo difícil, mas que trará as possibilidades de abrir caminhos para uma nova geração de jovens mais humanos e preparados. Você é um deles, Martim.

Façamos a nossa parte?

Beijos, Yo".
 
***Sim Yo, façamos sim a nossa parte! Como grande incentivadora das uniões homossexuais e de sua legalização aqui no Brasil assim como o foi com nossos "hermanos" argentinos, também apoio o conceito de FAMÍLIA, acabando de uma vez com o "pátrio poder" (que da nossa legislação o termo já não existe mais, porém ainda existe em nossa sociedade)!
 
Uma FAMÍLIA não pode hoje se limitar ao pai/mãe e seus filhos, e sim, também são os casais gays e seus filhos, as irmãs (ãos) que nunca casaram, são sozinhas (os), moram juntas (os) e se ajudam mutuamente, a sobrinha e a tia, enfim: todos os tipos de famílias que hoje existem em nossa sociedade, devem assim ser consideradas e possuirem os mesmos direitos civeis e previdenciários, e mais: SEM PRECONCEITOS.
 
Como a frase que encabeça o site da grande advogada das causas de Família, ex-desembargadora, da qual sou fã assumida, Dra. Maria Berenice Dias:
"O AFETO MERECE SER VISTO COMO UMA REALIDADE DIGNA DE TUTELA" (http://www.mariaberenicedias.com.br/).
 
Aproveito o ensejo deste relato e protestos tão bacanas escrito pela querida Yolanda Cirello (http://www.seuevento.net/ de SP / http://www.yocirello.blogspot.com/) para dizer que o nosso escritório de advocacia é especializado em Direito de Família (que deveria se chamar Direito das Famílias), bem como Direito das Sucessões e no Direiro Homoafetivo, nesta área encabeçado por mim Dra. Amanda Renata Morsani Accioli Martins Soares Salusse OAB/SP 158.128 e nas demais áreas pelo meu marido Dr. Guilherme Marius Yshikawa Salusse OAB/SP 169.279.
 

Até mesmo este logo do meu escritório está desatualizado, como como foi descrito acima, a família há muito tempo, deixou te ter este padrão da foto: papai. mamãe e filhinho...em breve trarei mudanças aqui também!

Um grande beijo e reflitam neste domingo,

Amandica!

2 comentários:

  1. Obrigada, Amanda. O tema é realmente importante, temos que divulgar para que mais pessoas reflitam e acordem.
    E, nesse tempinho, tô babando meu "neteado", lindinho que é!!
    Um beijo muito grande!
    Vamos fazer desse país a Pátria da Igualdade !!! (este é o lema da campanha do meu pai, poeta da Igualdade e Embaixador da Paz em Genebra).

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  2. Lindoo!!

    Que ele venha para semear a paz eo amor!!

    Parabéns pelo tema, isso é respeito com o ser humano, seja ele quem for ou por sua crença e raça. bjos,

    Sandra

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