Produto de luxo está mais barato no Brasil


A mudança na estratégia das marcas internacionais de luxo gerou um fenômeno que já pode ser sentido pelo consumidor: os preços estão caindo. Empresários estimam que a queda nos valores cobrados por bolsas, sapatos e outros itens chega a 30%, em relação ao que se cobrava há cerca de um ano.

É o caso da grife Salvatore Ferragamo, que recentemente encerrou o contrato de licenciamento no Brasil para instalar uma operação direta, tendo à frente o executivo Fábio Gianni, diretor-geral para o mercado sul-americano. 

"Acreditamos que, com preços próximos aos praticados no exterior, e com maior investimento em marketing, as vendas possam crescer entre 30% e 50% no Brasil", diz ele.

"Cerca de 3% dos clientes da grife, mundialmente, são brasileiros", diz Gianni. "Queremos continuar a atendê-los da melhor maneira possível." Para isso, as três lojas da grife instaladas nos shoppings Iguatemi, Cidade Jardim, em São Paulo, e no shopping Leblon, no Rio, foram fechadas temporariamente para se adequarem aos padrões mundiais. Somente o ponto da rua Haddock Lobo, no bairro paulistano dos Jardins, permanece aberto - sendo operada pelo antigo franqueado por mais seis meses. As próximas expansões previstas são para Brasília e Curitiba.

O mix de produtos vai crescer, diz o executivo, para ficar alinhadas às lojas do exterior. A previsão é que os pontos estejam em funcionamento até o final deste mês.

Quando operava via franquia, os preços dos da Salvatore Ferragamo chegavam a ser entre 50% e 100% mais caros que no exterior, o que desestimulava a compra. Mas agora a queda nos preços não será um problema. "Estamos mudando o conceito no varejo e vamos ganhar no volume das vendas", diz Gianni. Boa parte dessa venda será feita em parcelas. "No Brasil, 80% das vendas no cartão de crédito são parceladas em, no mínimo, três vezes."

Vender produto de luxo em suaves prestações também é política adotada pela varejista Sephora. No Brasil, o perfume 24 Faubourg Eau de Toilette, da grife francesa Hermès, custa R$ 365. Na Sephora dos Estados Unidos, o mesmo vidro de 50 ml sai por US$ 102, pouco mais de R$ 200. Mas aqui, o consumidor pode pagar em até 12 vezes.

A marca francesa de malas e bolsas Longchamp já vem adotando a prática de redução de preços há algumas coleções. "Hoje, nossos produtos são cerca de 20% mais caros no Brasil, mas a ideia é baixar a diferença para 10%", diz Kika Rivetti, coordenadora de marketing. "Além dos preços mais baixos, o consumidor ainda pode dividir o pagamento em quatro vezes."

De fato, comparando-se os preços em euros ou dólares, dá para perceber que tem havido um esforço para deixar a compra local mais atraente. O mesmo modelo de bolsa da italiana Prada, por exemplo, que custa cerca de US$ 2 mil, nos Estados Unidos, chega ao Brasil por volta de R$ 4 mil - praticamente o valor da conversão. Já o scarpin Pigalle, de verniz preto, de Christian Louboutin, é vendido no site da marca por US$ 625. No Brasil, o mesmo modelo sai por R$ 1.790, valor cerca de 30% mais alto. Mas aqui existe a vantagem extra do parcelamento.



O consultor Luiz Alberto Marinho, sócio-diretor da GS&BW, diz que as grifes de luxo já são conhecidas dos brasileiros. "Agora, essas marcas precisam se tornar relevantes para o consumidor e uma das formas de se fazer isso é tendo preços mais baixos". O fato das marcas estarem abrindo mais lojas, ampliando o volume de produtos, ajuda a reduzir preços.

E esse fenômeno não ficará restrito a São Paulo, indo também para Curitiba, Rio e Recife. "Somos o alvo da vez", diz Marinho, Mas faz uma ressalva: "Ainda é um esforço muito grande fazer os preços aqui tornarem-se alinhados aos do exterior. Nossa estrutura de importação e as altas taxas cobradas dificultam tudo."

Há grifes que preferem cortar margem de lucro. As marcas suíças de relógio IWC e Panerai abriram lojas em São Paulo em 2012 e procuraram aproximar os preços cobrados aqui aos praticados nos EUA e na Europa. A IWC decidiu absorver os custos da tarifa de importação e taxas e o preço no Brasil ficou 5% acima do cobrado nos EUA, disse em janeiro ao Valor, Michel Cheval, diretor da IWC.

Vanessa Barone para o Valor Economico




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