A ETIQUETA DO FRIO - por Fabio Arruda
Chegou o inverno. E você vai a alguma estância
climática, quer curtir o friozinho na praia, ou ficará por aqui mesmo. Eis
a maneira mais apropriada de portar casacos e acessórios para o frio:
quanto a estes últimos, nada de colocar um cachecol em volta do pescoço como se
fosse uma sucuri lhe estrangulando. Ou um gorro enterrado até às orelhas como
se você estivesse no frio dos Andes, ou dos Alpes.
Mãos enluvadas e aquela pose de quem está
ti-ri-tan-do de frio o tempo inteiro - não dá! Estas peças servem para nos
proteger do frio, mas também para nos enfeitar.
Vale prestar atenção às tendências dos últimos nós
de cachecóis e écharpes, e lembrar que boinas, chapéus e gorros saem e
voltam de moda, e têm a forma apropriada de serem colocados na cabeça - sempre
saindo da mesma ao entrar em ambiente fechado. Lembre-se que jamais
cumprimentamos alguém com as mãos vestidas (a não ser que você pertença a
alguma família real).
Ao falar em casacos e abrigos, as mulheres são
tomadas de assalto por uma dúvida não só estética, mas também político-social.
Casacos de pele: permitidos com prazer ou proibidos terminantemente? (Um
aparte: para meu gosto pessoal, homens podem e devem dispensar qualquer
acessório de pele).
Qualquer pessoa adepta às causas de defesa animal
ou questões do meio-ambiente já teria a resposta na ponta da língua. Mas é
importante ressaltar - e isto é fato comprovado - que muitos dos animais usados
na confecção de roupas e acessórios são criados para este fim. Assim como
outros o são para a alimentação.
Eu não costumo assumir qualquer postura
radical a respeito de nenhum assunto, e além do mais hoje em dia as peles
sintéticas estão tão maravilhosas, que não deixam nada a dever às autênticas.
Agora, aquele casaco que você comprou um dia numa viagem,
e morre de vontade de usar quando dá uma esfriadinha, também não deve e
não pode ser alvo de preocupação ou crítica.
Quando estamos fora do Brasil, quando faz muito
frio, casacos de pele são usados muito mais do que por uma questão
estética, mas por necessidade.
Afinal,
o frio é de matar. Porém nestes mesmos lugares existe a calefação funcionando a
todo vapor dentro de todos os estabelecimentos. O que nos permite tirar o
casaco em cada lugar onde chegamos. E ali estar com uma roupa totalmente
meia-estação. Aqui já não bem assim - portanto muitas pessoas continuam
portando seus casacos em recintos fechados.
E tenho que ser justo com vocês: isto não é
elegante. Esteja prevenida com uma roupa quente e agradável, composta de
suéteres, écharpes, pashminas, mas que lhe permita sempre tirar um casaco mais
pesado ao entrar em algum recinto.
E o vestir e desvestir de um casaco também tem suas
regras. Espero que sempre exista um cavalheiro por perto, pronto para auxiliar
uma dama a colocar seu casaco, primeiro oferecendo um braço, e depois o outro.
Afinal, não é uma camisa de força. Da mesma maneira, na hora de tirar o casaco,
este é o procedimento.
Dica importante: não pendure seus casacos nas
costas da cadeira. Uma gota de vinho ou algum respingo de fondue ou raclette
podem significar a ruína total. Portanto, dobre-o do avesso - em geral os
forros são belíssimos - e coloque-o sobre uma cadeira adicional.
Tudo isso fica minimizado se o lugar possuir
uma chapelaria. Só um detalhe: é famosa a cena, em grandes festas, onde uma
lulu mais esperta sai com a sua preciosidade e deixa "aquele lá", que
ela possuia, para você.
Sem extremismos: use o que você tem com
responsabilidade, não compre jamais um casaco de pele sem o certificado de
permissão; faça uso dos sintéticos que estão um arraso, e mais ainda - se esta
questão lhe incomoda muito, não podemos esquecer dos lindos mantôs de cashmere,
os sobretudos de alpaca e as peças criativas e maravilhosas que podem ser
feitas com duas agulhas e alguns novelos de lã. Quem sabe até por você mesma!
Bom inverno!
Fabio Arruda
Palestrante, consultor e autor de livros sobre Etiqueta e Comportamento
www.fabioarruda.com.br
Fabio Arruda é colunista convidado do nosso blog Amandica Indica!
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