"Pereirão" não, é "Stellão"! No Dia Internacional da Mulher, Stella Rocche fala sobre os desafios de ser a mulher precursora no ramo de iluminação de eventos
Para comemorar o Dia Internacional da Mulher hoje, nada mais justo que um bate-papo mais do que especial com uma destas profissionais e mulheres que nos inspiram pela sua luta, profissionalismo, carisma e força de vontade para vencer todos os obstáculos!
Acredito que a história da querida Stella Roche que hoje está à frente da sua empresa www.sriluminacao.com.br irá inspirar muitas de vocês! Pelo menos à mim, ela é uma "injeção de puro ânimo".
Vamos ao gostoso bate-papo?
Beijos,
Amandica
@Amandica_Indica
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O início de tudo...
1- Stella, como você começou sua carreira como iluminadora?
Através do meu pai. Ele era chefe dos técnicos de iluminação e responsável pelos teatros da FUNARJ (RJ). Isso aconteceu há 38 anos quando meu pai recebeu uma equipe de mulheres técnicas japonesas no teatro. Ele percebeu que a gente poderia trabalhar juntos, já que eu sempre o acompanhava e gostava muito. Aos poucos eu fui aprendendo na prática o que cada equipamento representava e em seguida veio a teoria, o por quê de cada equipamento, de como surgiu a iluminação cênica, etc.
2- E isso, há tantos anos atrás, como foi? Enfrentou preconceitos, dificuldades, etc? Afinal você é uma precursora na área.
Sim, foi difícil. No começo tive que fazer alguns testes de iluminação com os donos das empresas e até funcionários, que me apresentavam situações para analisar como eu resolveria. Me colocavam na frente do quadro de energia e pediam para mostrar como eu ligaria o equipamento deles, coisas assim. Em pouco tempo eles perceberam que eu não era uma assistente de luz e sim uma iluminadora.
Pouco depois, eu criava os projetos e operava. Alguns duvidavam que os projetos eram meus. Diziam: “Esse projeto é de qual iluminador?” E eu respondia: “Iluminadora, Stella Rocche, prazer.” (risos).
No começo das montagens, murmuravam que eu tinha escolhido equipamento errado ou que eu não subiria em andaime, coisas assim. Até que eu solucionava os problemas e mostrava na prática como eu queria.
No final dos eventos os donos vinham me cumprimentar e quando os elogios se tornaram frequentes, fui ganhando credibilidade e as portas foram se abrindo.
3- Com quem você já trabalhou no meio de artistas, grandes espetáculos, grandes shows?
Pô, muitos! Vamos lá: Criança Esperança, Rollings Stones, Amigos e Amigos, Som Brasil, Ana Botafogo, Monster of Rock, Martinho da Vila, Fafá de Belém, Djavan, Fagner, Escola Estácio de Sá, Elba Ramalho, Oswaldo Montenegro, Zé Ramalho... dá mais de 50, acho. É muito bacana relembrar isso.
4- Qual a melhor lição de trabalhar com tanta gente conhecida no mercado?
Entender que sempre há o que aprender, não importa a idade, nem a quantidade de experiências. Que é preciso sempre estar atualizada com as novas tendências e tecnologias.
5- Como foi a passagem para o universo dos eventos e o que diferencia as áreas (espetáculos e eventos) para a criação dos projetos? Diferencia muito nos valores também?
A passagem foi gradativa e eu nem senti, porque na LPL eu fazia muitos shows, mas já comecei a fazer alguns eventos sociais. Cada área tem sua especificidade. Meu papel é atender e se possível superar a expectativa do cliente. O projeto chega e eu apresento uma proposta que construa um “diálogo”. Se for pra contar uma história num espetáculo, uso um tipo de linguagem e certos equipamentos. Se for para realçar a arquitetura e fazer um ambiente confortável para convidados, os recursos são outros. Os valores mudam conforme a dimensão do projeto seja para a área artística ou eventos sociais/corporativos.
6- Hoje, o que a SR Iluminação oferece? Qual o seu diferencial maior?
Trabalhamos com iluminação ambiente decorativa para eventos sociais e corporativos. Também fazemos espetáculos, desfiles, shows, pista de dança e o que mais precisar.
Oferecemos o que há de melhor no mercado, desde equipamentos seguros a grandes profissionais. Nosso objetivo é fidelizar os clientes, então, não dá pra ser mais um no mercado, né?
Acredito que o grande diferencial que a mulher tem em qualquer área é o cuidado com os detalhes, o acabamento. Na iluminação, não pode ser diferente. Os clientes sempre enfatizam a minha sensibilidade na criação dos projetos e o perfeccionismo na finalização.
7- Qual é a diferença que uma iluminação bem feita fazer numa festa e até mesmo em uma igreja/templo para cerimônia?
Uma iluminação bem feita realça a decoração e a arquitetura do local, além de projetar a ideia do decorador, claro. Também tem um papel importante no estado de humor dos convidados, deixando-os confortáveis ou não. Ninguém gosta de comer no escuro ou de conversar com um refletor na direção dos olhos, por exemplo. (risos)
8- Houve algum casamento que te marcou demais por ter participado dele com seu trabalho ou da sua empresa?
Sim, como Lighting Designer fiz o casamento das netas do ACM, que foi impressionante! A igreja estava linda e foi divulgada na Revista Caras como os Casamentos do ano.
Outro evento emocionante foi o primeiro casamento realizado pela minha própria empresa, com a companhia dos meus filhos.
9- Você se considera uma "Pereirão" da vida real? E qual a maior lição de ter começado como vc começou?
Pra ser um “Pereirão”, falta eu ganhar na loteria! (risos)
As pessoas me chamam de Stellão porque eu mexo com ferramentas, eletricidade, escadas, cabos, etc. Mas como a personagem da novela, depois que virei empresária, tive que aposentar a calça jeans e a pochete. Hoje uso vestido e salto, me preocupo com a apresentação pessoal.
Perdi muitas reuniões de escola, aniversários, momentos importantes dos meus filhos, mas eles sempre entenderam e me apoiaram. Hoje tenho orgulho em dizer que todos são da área e me acompanham nessa jornada. São dois iluminadores, uma produtora e um bailarino. A maior lição é que não existem barreiras para alcançar o que a gente deseja, basta ter foco e determinação.
10- Alguma situação embaraçosa / cômica por ser mulher neste meio tão masculino?
Uma vez, fazendo a luz do Rolling Stones no Maracanã, com a LPL, Césio Lima (meu chefe na época), me chamou no rádio e pediu para eu acenar pra ele. Na hora não entendi, mas depois ele contou que teve que provar pra produtora do show que eu era mesmo da equipe, que havia uma mulher, porque eles achavam que era mais uma pessoa querendo crachá pra entrar.
11- Qual a dica que você dá para todas as mulheres que estão começando neste ramo?
Perseverança e dedicação. O resto Deus ajuda. (risos). É preciso aproveitar a abertura do mercado para as mulheres, a quantidade de informação disponível e se aprofundar nos conhecimentos técnicos. Além disso, de ter bons contatos neste meio para angariar a clientela.
Hoje, Stella Roche encabeça um dos nomes mais conceituados em iluminação no mercado de eventos sociais e corporativos e no mundo do entretenimento, e é nossa parceira e INDICADA!
Contato da Stella Roche? stella@sriluminacao.com.br
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