Sobre "Sonhos e Sonhar", da nossa colunista Rosanna Pavesi, psicóloga e psicoterapeuta.
Nossa psicóloga e colunista Rosanna Pavesi, na verdade, enviou este texto em duas partes, porém resolvi publicá-las juntas pois é um texto muito interessante e cabe à todos nós, sejamos debutantes, noivas, casadas, separadas, grávidas, mães enfim...
Espero que apreciem assim como eu!
beijos,
Amandica
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SOBRE “SONHOS E SONHAR”...
(Parte I)
Gostaria de propor uma reflexão sobre o sonhar e os sonhos de olhos abertos, aqueles sonhos que sonhamos para nos e nossa vida, a partir de duas frases que chamaram minha atenção:
1. - “UMA VIDA NÃO BASTA SER VIVIDA. ELA PRECISA SER SONHADA” (Mario Quintana).
O que seria sonhar uma vida? Qual a diferença entre uma vida vivida que, segundo Quintana, não seria o bastante, e uma vida sonhada?
2. – “SONHAR É FAZER PLANOS. VIVER É TER A CORAGEM DE REALIZÁ-LOS” (Felipe Veullieme – Vencedor do concurso “A Frase é Sua” (Johnnie Walker Black Label).
Onde Quintana qualifica, o autor da segunda frase explicita, especifica e delimita o que é sonhar e viver, na concepção dele.
A meu ver, se só viver não basta, só sonhar também não basta. É preciso casar uma coisa com a outra. Assim, cheguei a esta outra frase e também convido a todos a criar sua própria frase como fonte de inspiração, para sonhar sua própria vida e realizar seus próprios sonhos:
UMA VIDA PRECISA SER SONHADA SIM, MAS TAMBÉM PRECISA SER VIVIDA COM A OUSADIA E A CORAGEM QUE NOSSOS SONHOS RECLAMAM PARA SI...
É sabido que todos os pais já tecem sonhos sobre os filhos bem antes dos mesmos nascer, de forma que, por certo tempo, “vivemos” dos sonhos que nossos pais projetam sobre nos... Quem nunca ouviu frases como: “Ah, ele é muito inteligente... com certeza, vai ser alguém na vida...” ou: “ela tem o ritmo nos pés... vai ser uma grande bailarina...” só para citar alguns exemplos. Na maioria das vezes, os adultos perguntam às crianças o que elas querem ser quando crescer, (e acham graça das respostas); porém – estranhamente- nunca ou muito raramente, eles perguntam: “O que você sonha ser quando crescer?”.
Mas vamos crescendo e somos chamados a tecer nossos próprios sonhos, nos apropriar deles e construir nosso futuro. Cada etapa da vida tem seu foco prioritário, com seus próprios desafios, escolhas e posicionamentos: definir, assumir e viver nossa preferência sexual, seguir nossa vocação profissional, fazer nossas escolhas acadêmicas, planejar a vida profissional, dar o pontapé inicial num projeto querido, escolher nosso estilo de vida, casar, ter filhos (ou não), mudar de país (ou não), continuar casados, (ou não), mudar de profissão (ou não) e assim por diante...
Às vezes, nos deparamos com “uma pedra no caminho”, como diria o poeta Carlos Drummond de Andrade. Neste caso, é sábio não chutar a pedra, mas sim conversar com ela, perguntar a que veio e ter a coragem de corrigir e/ou mudar aquilo que deve ser mudado...
Na maioria das vezes, aquilo que a primeira vista parece ser um problema pode ser, na verdade, uma grande oportunidade para corrigir algum “desvio de rota”, ou alguma parada necessária para reflexão. Aprenda a acolher a pedra com gratidão...
A meu ver, não há idade certa para sonhar e idade certa para não sonhar ou parar de sonhar ou, melhor dizendo, não deveria haver... Toda fase de vida tem suas peculiaridades e os sonhos que lhe cabem, quer seja um amor para toda a vida, ou um NOVO AMOR para o resto da vida, ou uma nova profissão, ou o resgate de um sonho antigo, ou uma morte serena...
(PARTE II)
Para concluir essa reflexão sobre o sonhar e nossos sonhos de olhos abertos, gostaria de citar um livro que muito me inspirou:
Em seu livro “O Valor do Amanhã” (Edit. Companhia das Letras, 2005), Eduardo Giannetti, retomando a fábula da Cigarra e da Formiga, escreve sobre a realidade dos juros e sobre como ela se manifesta em todas as situações da vida prática nas quais os valores presentes e futuros medem forcas em nossas escolhas e ações; Giannetti encerra seu livro com uma bela passagem sobre “sonhos e sonhar” que transcrevo a seguir, por acreditar ser pertinente:
“... Os indivíduos perecem, mas a sociedade a que pertencem – obra aberta que une na mesma trama os valores dos mortos, dos vivos e dos que estão por vir – segue em frente. O passado condiciona, o presente desafia, o futuro interroga. A previsão lida com o provável e responde à pergunta: O que será? A delimitação do campo do possível lida com o exeqüível e responde à pergunta: O que pode ser? E a expressão da vontade lida com o desejável e responde à pergunta: O que sonhamos ser?
As relações entre esses modos de conceber o futuro não são triviais. De um lado está a lógica: o desejável precisa respeitar a disciplina do provável e do possível. Mas, do outro lado, está o sonho. SE o sonho desprovido de lógica é frívolo, a lógica desprovida de sonho é deserta. Quando a criação do novo está em jogo, resignar-se ao provável e ao exeqüível é condenar-se ao passado e à repetição. No universo das relações humanas, o futuro responde à forca e à ousadia do querer. A capacidade de sonho fecunda o real, reembaralha as cartas do provável e subverte as fronteiras do possível. Os sonhos secretam futuro.”
Vale lembrar que muitas das descobertas e invenções da humanidade ao longo do tempo, já foram consideradas – em algum momento – impossíveis. Mas sempre houve pessoas que se atreveram a sonhar e, algumas vezes, conseguiram transformar seus sonhos em realidade.
Quando seguimos o apelo de nossos sonhos e daquilo que precisamos e desejamos fazer, criamos significado em nossa vida e descobrimos sentido em nosso presente e futuro.
De forma que, talvez, jamais sonhar, jamais apostar, jamais se atrever, possa vir a ser a pior aposta possível...
Bons sonhos a todos...
Rosanna Pavesi
Ela atende em São Paulo no bairro de Pinheiros.
Olá!
ResponderExcluirAmei o texto!Parabéns, Rosana!
Concordo que o sonho e o viver devem andar de mãos dadas.O sonho é um estímulo para continuar, para realizar planos.O viver não deixa o sonho morrer. A cada sonho conquistado temos a certeza que valeu a pena. Tive um sonho desde sempre, queria trabalhar com Arte. Na infância sonhei em ser pintora, desenhista de quadrinhos, estilista, escultora...
Então, cresci, já os sonhos foram se modificando ou simplesmente ficando ao longo do caminho.
Hoje sou professora (realmente uma Arte) e cake designer (sonho retomado e realizado há alguns anos).
Um dia, estava sonhando em voz alta, alguém bem próximo me disse: "Ah, você sonha demais!"
No momento fiquei chateada com o comentário, mas agora essa afirmação soa como um elogio.
Amanda, Acompanho o blog há algum tempo, quero parabenizá-la pelas postagens.
Desejo muitas bênçãos na sua vida.
Até mais.
Mônica Carvalho
Sabor do Céu