"Mineiridade" - a coluna da nossa querida Rose Quadros de Belo Horizonte - MG!!

A Rose é mesmo uma pessoa incrível, mesmo a conhecendo só pela web, já vi que ela também, como as demais colunistas, pegou a "alma da Amandica"... falar de tudo sobre sua terra, das coisas antigas às novas, mas que sejam mineiras (da terra de cada uma das colunistas)!

Então vai o texto escrito por ela: "Mineiridade", com uma apresentação pessoal desta pessoa linda que ela é e que estará aqui escrevendo para nós que não somos de BH/MG e assim ter esta oportunidade de conhecer um pouco mais à fundo da nossa região "brasileiríssima" mas lógico, tudo voltado para o casamento, as noivas e as festas sociais como debutantes etc; e também quando houver feiras, workshops de noivas e eventos do gênero por lá, tenho certeza que se ela puder, fará uma cobertura incrível assim como fez a nossa colunista de GO.

Beijos e aproveitem...

Amandica Accioli Salusse!

Sigam: www.twitter.com/Amandica_Indica

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"Olá leitores!

É com grande prazer que escrevo minha primeira coluna para o site da Amanda Accioli. E para iniciar, nada mais justo que fazer uma apresentação sobre quem sou e minhas origens.

Meu nome é Rose Tavares Quadros, tenho 28 anos e sou graduada em enfermagem pela PUC MG. Sou casada com Thiago Quadros, 33 anos, analista de sistemas, há exatos 8 meses. Somos parecidos fisicamente e compartilhamos os mesmos ideais e crenças, mas com personalidades distintas. Ele é tranqüilo e tem o semblante sempre sereno. Dificilmente perde o equilíbrio. Confere a cada ato sua verdadeira importância e só investe seu tempo e energia em algo que julgue realmente valer à pena. É sábio. Eu sou passional, intensa, leal, agitada, observadora, detalhista ao extremo, apaixonada por livros, noivas e tudo o que se relaciona a casamento. Ele é paz, eu sou paixão. Acredito que isso nos traz o equilíbrio perfeito.

                                                                Rose em seu casamento!

Atuei na minha área por um tempo, cheguei até a cursar uma pós-graduação que foi interrompida para finalmente colocar em prática um antigo projeto: atuar como cerimonialista e consultora em casamentos. Eu já trabalhava em eventos há anos, entretanto percebi que já era hora de ter meu próprio negócio. Com o apoio do meu marido eu comecei e cá estou eu, ainda trilhando o início da minha nova carreira, mas colhendo frutos que não esperava, dentre eles, essa coluna.

                                 Quadro de Cândido Portinari - "Casamento na Roça" de 1940

Sou mineira do interior. Meus pais nasceram e cresceram na zona rural, mudando-se para a “cidade” na juventude. Eles são primos de primeiro grau (isso mesmo!), nasceram em fazendas vizinhas e nunca perderam a ligação com a roça. Entendam: quando digo roça, é roça mesmo, com água aquecida por serpentina, casa com paredes caiadas, luz de lamparina, curral, chiqueiro, galinheiro e terra batida. Lingüiça e alho pendurados em cima do fogão a lenha, galinha ao molho pardo, corregos cheios de piabas (os conhecidos “corgos”, falando em “mineirês”), casamento com noivos levados em carro de boi e festa “café com biscoito”, reinados de Nossa Senhora do Rosário e de São Benedito.

Cresci passando quase todos os meus fins de semana por lá. Tive o privilégio de andar descalça na terra batida, no curral, nas pedras. De acompanhar meu avô tirar leite de vaca e ver minha avó fazer queijo, doce leite e de frutas, pisar em formigueiro (e quase morrer de dor!), caminhar no meio do mato, molhar os pés no “córgo”. Ficar atolada no barro, tomar chuva, “panhá” (apanhar, colher) mexerica, laranjinha capeta, jabuticaba, pimenta e tudo mais que a terra oferecia. “Cascá” (descascar) laranja debaixo do pé, “panhá” ovo no galinheiro; andar no meio dos bois, reunir os vizinhos pra “matá” porco.

                               

No fim do dia voltava pra casa suja de terra, às vezes com alguns carrapatos, bicho de pé, e até com abelhas jataí (aquelas bem miudinhas, cujo quilo do mel chega a custar R$ 600,00) emboladas na minha juba, após a brilhante idéia de cutucar o ninho com uma vareta. Mamãe logo me colocava no banho, que era de bica (não tinha chuveiro), me vestia com roupas bem quentinhas, muitas meias e luvas e arrumava minha cama com muitos cobertores e colchas de retalho. Jantávamos canja de galinha ouvindo meu pai e os vizinhos reunidos na varanda tocando moda de viola até de madrugada. Dia ou outro um vizinho trazia sanfona e a coisa pegava fogo! A vida se resumia a isso: plantar, colher, cuidar dos animais, da casa e do terreiro. Caminhar entre as árvores, andar a cavalo, visitar os vizinhos, sentar no chão pra ver o tempo passar, escutando os sons da natureza: pássaros, grilos e o que mais o dia oferecer. Vivíamos em paz com a natureza, pois ali éramos parte dela.

Para os que pensavam que tais momentos eram invencionice romântica de mineiros saudosistas com tendência a “floriá” a realidade, pasmem: tenho apenas 28 anos e sim, vivi toda essa mineiridade, descrita diversas vezes por escritores consagrados. Querem mais surpresa? Essa realidade ainda existe! E como trabalho com casamentos, a partir de hoje trarei para vocês um pouco da nossa cultura e o que acontece nos casamentos mineiros. Desde o luxo e glamour até a simplicidade. Todos eles, sem exceção, trazem características mineiras marcantes. Tenho o ousado objetivo de fazê-los experimentar através dos meus textos a mineiridade genuína. Desejo que cada histórias de amor, imagem, relatos e todo e qualquer material aqui publicado os levem ao cenário que descrevo, ao menos por alguns minutos, estimulando assim os sentidos de cada um.

Beijo grandão!

Rose Quadros

http://noivabh.blogspot.com/

rosequadros@noivabh.com "