Tradições Juninas: Origens, Tradições e Histórias - por Lu Lourenço

Por Lu Loureço
www.lourencoassessoria.com.br 



Para quem gosta de saber um pouquinho das origens das festas juninas, segue abaixo uma pesquisa bem bacana retirada do site http://www.festajunina.com.br/Tradicoes_Juninas/tradicao_book/active_livro=4,espero que gostem!!!




Origem das Festas Juninas: A coleta e o cultivo

O ciclo anual da natureza prevê a morte e o ressurgimento da vegetação. Todos os anos as plantas passam por um processo de transformação: no outono, as folhas mudam de cor, tornando-se amareladas e murchas; no inverno, elas caem e deixam a planta sem folhas até que chega a primavera. O sol então começa a brilhar com mais intensidade e a vegetação renasce, brota e floresce para oferecer as sementes do novo ciclo, cujos frutos estarão maduros no verão.

No Hemisfério Norte, as quatro estações do ano estão demarcadas nitidamente; na região equatorial e nas tropicais do Hemisfério Sul, o movimento cíclico alterna os períodos de chuva e de estiagem, mas ainda assim o ciclo vegetativo pode ser observado da mesma maneira - alteração na coloração e perda das folhas, seca e renascimento. O que ocorre com a natureza é algo semelhante à saga de Tamuz e Adônis (veja quadro à página 18), que submergem do mundo subterrâneo e retornam todos os anos para viver com suas amadas Istar e Afrodite e com elas fertilizar a vida. - See more at: http://www.festajunina.com.br/Tradicoes_Juninas/tradicao_book/active_livro=4#sthash.xIFlXXMO.dpuf

Origem das Festas Juninas: As lendas de Tamuz e Adônis - See more at: http://www.festajunina.com.br/Tradicoes_Juninas/tradicao_book/active_livro=4#sthash.xIFlXXMO.dpuf

"Na literatura religiosa da Babilônia, Tamuz surge como o jovem esposo ou amante de Istar, a grande deusa-mãe, a personificação das energias reprodutivas da natureza. [...] Tamuz morria anualmente [...] e todos os anos sua amante divina viajava, em busca dele, ?para a terra de onde não há retorno, para a mansão das trevas, onde o pó se acumula na porta e no ferrolho?. Durante sua ausência, a paixão do amor deixava de atuar: homens e animais esqueciam de reproduzir-se, toda a vida ficava ameaçada de extinção. Tão intimamente ligadas à deusa estavam as funções sexuais de todo o reino animal que, sem a sua presença, elas não podiam ser realizadas. [...] A inflexível rainha das regiões infernais, Alatu ou Eresh-Kigal, permitia, não sem relutância, que Istar fosse aspergida com a água da vida e partisse, provavelmente em companhia do amante Tamuz, para o mundo superior e que, com esse retorno, toda a natureza revivesse."

"Refletida no espelho da mitologia grega a divindade oriental, Adônis surge como um belo jovem, amado de Afrodite. Em sua infância, a deusa o ocultou numa arca, que confiou a Perséfone, rainha dos infernos. Mas, quando Perséfone abriu a arca e viu a beleza da criança, recusou-se a devolvê-la a Afrodite [...]. A disputa entre as deusas do amor e da morte foi resolvida por Zeus, que determinou que Adônis devia viver parte do ano com Perséfone no mundo inferior, e com Afrodite, no mundo superior ou na terra, durante a outra parte. [...] a luta entre Afrodite e Perséfone pela posse de Adônis reflete claramente a luta entre Istar e Alatu na terra dos mortos, ao passo que a decisão de Zeus de que Adônis devia passar parte do ano no mundo inferior e parte do ano no mundo superior é apenas uma versão grega do desaparecimento e reaparecimento anual de Tamuz" (Frazer, 1978, p. 123).

Com o tempo os homens, além de desfrutar o ciclo da natureza coletando seus frutos, passaram a domesticar animais e a cultivar plantas para sua alimentação. O cultivo de raízes e legumes, juntamente com a caça, a pesca e a coleta, representa o conjunto das atividades produtivas que tornaram possível a adaptação da espécie humana em todas as regiões do planeta, mas foi a produção de grãos e a domesticação de animais que ampliaram essa capacidade adaptativa.

Imitando o ciclo anual da natureza, o homem descobriu as sementes que podia guardar a cada colheita e replantar no ano seguinte, quando seriam fertilizadas pela incidência solar e irrigadas pelas chuvas. As sementes dos grãos germinam e crescem. O homem colhe, debulha, seca e tritura os grãos para que eles se tornem seu alimento. 

Origem das Festas Juninas: Rituais de fertilidade

Com o cultivo da terra pelo homem, surgiram os rituais de invocação de fertilidade para ajudar o crescimento das plantas e proporcionar uma boa colheita.

Na Grécia, por exemplo, Adônis era considerado o espírito dos cereais. Entre os rituais mais expressivos que o homenageavam estão os jardins de Adônis: na primavera, durante oito dias, as mulheres plantavam em vasos ou cestos sementes de trigo, cevada, alface, funcho e vários tipos de flores. Com o calor do sol, as plantas cresciam rapidamente e, como não tinham raízes, murchavam ao final dos oito dias, quando então os pequenos jardins eram levados, juntamente com as imagens de Adônis morto, para ser lançados ao mar ou em outras águas.

Os rituais de fertilidade perduraram através dos tempos. Na era cristã, mesmo que fossem considerados pagãos, não era mais possível acabar com eles. Segundo Frazer, é por esse motivo que a Igreja Católica, em vez de condená-los, os adapta às comemorações do dia de São João, que teria nascido em 24 de junho, dia do solstício. 




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Origem das Festas Juninas: O dia de São João na Sardenha 


Conta Frazer que, no início do século XX, na Sardenha, os jardins de Adônis ainda eram plantados na festa do solstício de verão, que lá tem o nome de festa de São João: "No final de março ou 1º de abril, um jovem da aldeia se apresenta a uma moça, pede-lhe para ser a sua comare (comadre ou namorada) e oferece-se para ser o seu compare. O convite é considerado como honra pela família da moça e aceito com satisfação. No fim de maio, a moça faz um vaso com a casca de um sobreiro, enche-o de terra e nele semeia um punhado de trigo e cevada. Como o vaso é colocado ao sol e regado com freqüência, os grãos brotam com rapidez e, na véspera do solstício (véspera de São João, 23 de junho), já está bem desenvolvido. [...] No dia de São João, o rapaz e a moça, vestidos com suas melhores roupas, acompanhados por uma grande comitiva e precedidos de crianças que correm e brincam, vão em procissão até uma igreja da aldeia. Ali quebram o vaso, lançando-o contra a porta do templo. Sentam-se em seguida em círculo na grama e comem ovos e verduras ao som da música de flautas. O vinho é misturado numa taça servida a todos, que dela vão bebendo, passando-a adiante. Em seguida dão-se as mãos e cantam 'Namorados de São João' (Compare e comare di San Giovanni) várias vezes, enquanto as flautas tocam durante todo o tempo. Quando se cansam de cantar, levantam-se e dançam alegremente em círculo até a noite" (Frazer, 1978, p. 133).

Outro aspecto que aproxima a festa de São João às de Adônis e Tamuz é o costume de tomar banhos no mar, em rios, nascentes ou no sereno na noite da véspera. Também perdura, desde os tempos antigos, o costume de acender fogueiras e tochas, que devem livrar as plantas e colheitas dos espíritos maus que podem impedir a fertilidade. 

As Comemorações Juninas no Brasil

Na Europa, os festejos do solstício de verão foram adaptados à cultura local, de modo que em Portugal foi incluída a festa de Santo Antônio de Lisboa ou de Pádua, em 13 de junho. A tradição cristã completou o ciclo com os festejos de São Pedro e São Paulo, ambos apóstolos da maior importância, homenageados em 29 de junho.

Quando os portugueses iniciaram o empreendimento colonial no Brasil, a partir de 1500, as festas de São João eram ainda o centro das comemorações de junho. Alguns cronistas contam que os jesuítas acendiam fogueiras e tochas em junho, provocando grande atração sobre os indígenas.

Mesmo que no Brasil essa época marcasse o início do inverno, ela coincidia com a realização dos rituais mais importantes para os povos que aqui viviam, referentes à preparação dos novos plantios e às colheitas. O período que vai de junho a setembro é a época da seca em muitas regiões do Brasil, quando os rios estão baixos e o solo pronto para enfrentar o plantio. Derruba-se a mata, queimam-se as ramagens para limpar o terreno, que é adubado com as cinzas, e a seguir começa o plantio. É a técnica da oivara, tão difundida entre os povos do continente americano.

Nessa época os roçados velhos, do ano anterior, ainda estão em pleno vigor, repletos de mandioca, cará, inhame, batata-doce, banana, abóbora, abacaxi, e a colheita de milho, feijão e amendoim ainda se encontra em período de consumo. Esse é um tempo bom para pescar e caçar. Uma série ritual, que dura todo o período, inclui um conjunto muito variado de festas que congregam as comunidades indígenas em danças, cantos, rezas e muita fartura de comida. Deve-se agradecer a abundância, reforçar os laços de parentesco (as festas são uma ótima ocasião para alianças matrimoniais), reverenciar as divindades aliadas e rezar forte para que os espíritos malignos não impeçam a fertilidade. O ato de atear fogo para limpar o mato, além de fertilizar o solo, serve principalmente para afastar esses espíritos malignos.

Houve, portanto, certa coincidência entre o propósito católico de atrair os índios ao convívio missionário catequético e as práticas rituais indígenas, simbolizadas pelas fogueiras de São João. Talvez seja por causa disso que os festejos juninos tenham tomado as proporções e a importância que adquiriram no calendário das festas brasileiras 



As Comemorações Juninas no Brasil: As relações sociais e o compadrio


Outro fato que ajuda a compreender a importância desses festejos está relacionado com a forma de sociabilidade que foi característica da sociedade brasileira. Desde o período colonial até meados do século XX, a maioria da população de todas as regiões do Brasil vivia no campo (até 1950, 70% da população brasileira vivia na zona rural; hoje, mais de 70% vive nas cidades). Fossem colonos e agregados das fazendas agrícolas ou vaqueiros em grandes fazendas de gado, fossem pescadores nas regiões litorâneas ou seringueiros na Amazônia, fossem sitiantes por esse Brasil afora, os brasileiros viviam integrados em grupos familiares, entendendo-se como família o conjunto de pais e filhos, tios e primos, avós e sogros.

As relações familiares eram complementadas pela instituição do compadrio, que servia para integrar outras pessoas à família, estreitando assim os laços entre vizinhos e entre patrões e empregados. Até mesmo os escravos podiam ser apadrinhados pelos senhores de terra.

Havia duas formas principais de tornar-se compadre e comadre, padrinho e madrinha: uma era, e ainda é, pelo batismo; a outra, por meio da fogueira. Nas festas de São João, os homens, principalmente, formavam duplas de compadres de fogueira: ficavam um de cada lado da fogueira e deveriam pular as brasas dando-se as mãos em sentido cruzado. Era comum recitarem versos como estes: 

São João dormiu,
São Pedro acordô,
vamo sê cumpadre
que São João mandô.
(Nordeste sertanejo.) 

Ou:
São João disse,
São Pedro confirmou,
que nosso Senhor Jesus Cristo mandou
a gente ser compadre
nesta vida e na outra também.
(Amazônia cabocla.)

Os laços de compadrio eram muito importantes, pois os padrinhos podiam substituir os pais na ausência ou na morte destes, os compadres integravam grupos de cooperação no trabalho agrícola e os afilhados eram devedores de obrigações aos padrinhos. A instituição beneficiava os patrões, que tinham um séquito de compadres e afilhados leais tanto nas relações de trabalho como nas campanhas políticas, quando se beneficiavam do voto de cabresto.

O compadrio ainda vigora em muitas localidades, mas o processo de urbanização que hoje atinge todas as regiões do país enfraquece essa instituição e promove diversas mudanças nas formas de sociabilidade. Atualmente, os favores (doações, pagamentos, promessas) têm sido mais importantes nas eleições do que a lealdade advinda dos laços de compadrio.



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As Comemorações Juninas no Brasil: São João em Caruaru e Campina Grande 

Hoje as festas juninas possuem cor local. De acordo com a região do país, variam os tipos de dança, indumentária e comida. A tônica é a fogueira, o foguetório, o milho, a pinga, o mastro e as rezas dos santos.

No Nordeste sertanejo, o São João é comemorado nos sítios, nas paróquias, nos arraiais, nas casas e nas cidades. A importância dessa festa pode ser avaliada pelo número de nordestinos e turistas que escolhem essa época do ano para sair de férias e participar dos festejos juninos. As cidades de Caruaru, em Pernambuco, e Campina Grande, na Paraíba, são as que mais atraem gente curiosa em conhecer as maiores festas de São João do mundo.

Caruaru criou uma cidade cenográfica, a Vila do Forró, que é a réplica de uma cidade típica do sertão, com casas coloridas de arquitetura simples habitadas pela rainha do milho, pela rezadeira, pela rendeira, pela parteira. Ali há também correio, posto bancário, delegacia, igreja, restaurantes, teatro de mamulengo. Atores encenam nas ruas o cotidiano dos habitantes da região. O maior cuscuz do mundo, segundo o Livro Guinness de Recordes, é feito lá, numa cuscuzeira que mede 3,3 metros de altura e 1,5 metro de diâmetro e comporta 700 quilos de massa. Uma das grandes atrações da festa é o desfile junino na véspera de São João de mais de vinte carros alegóricos, carroças ornamentadas com cortejo de bacamarteiros, bandas de pífaros, quadrilhas, casamentos matutos e grupos folclóricos.

Campina Grande construiu um Forródromo que recebe todos os anos milhões de pessoas. Elas se divertem assistindo a apresentações do tradicional forró pé-de-serra, de quadrilhas, cantores, bandas e desfiles de jegues, participam de jogos e brincadeiras e deleitam-se com as comidas típicas vendidas nas barracas.


As Comemorações Juninas no Brasil: Na Região Norte

Na Amazônia cabocla, a tradição de homenagear os santos possui um calendário que tem início em junho, com Santo Antônio, e termina em dezembro, com São Benedito. Cada comunidade homenageia seus santos preferidos e padroeiros, com destaque para os santos juninos. São festas de arraial que começam no décimo dia depois das novenas e nas quais estão presentes as fogueiras, o foguetório, o mastro, banhos, muita comida e folia.

No eixo Belém/Parintins/Manaus, desde os tempos coloniais, a criação do boi, introduzida pelos portugueses, deu lugar a manifestações culturais que lhe são típicas: o boi-bumbá, dançado em diversas ocasiões, transformou-se atualmente em grande espetáculo, cujo ápice é a disputa entre os grupos Caprichoso e Garantido no Bumbódromo de Parintins, nos dias 28, 29 e 30 de junho.



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As Comemorações Juninas no Brasil: No Sudeste

A tradição caipira, especialmente a do Sudeste do Brasil, caracteriza-se pelas festas realizadas em terreiros rurais, onde não faltam os elementos típicos dos três santos de junho. Mas elas também se espalharam pelas cidades e hoje as festas juninas acontecem, principalmente, em escolas, clubes e bairros. Como em outras partes do Brasil, o calendário das festas paulistas destaca os rodeios e as festas de peão boiadeiro como eventos ou espetáculos mais importantes, que se realizam de março a dezembro.

As festas juninas, com maior ou menor destaque, ainda são realizadas em todas as regiões do Brasil e representam uma das manifestações culturais brasileiras mais expressivas.



http://www.blogbrasil.com.br/dancas-de-festa-junina/


Santo Antônio, São João e São Pedro: Santo Antônio: camarada e casamenteiro 

Festejado no dia 13 de junho, Santo Antônio é um dos santos de maior devoção popular tanto no Brasil como em Portugal. Fernando de Bulhões nasceu em Lisboa em 15 de agosto de 1195 e faleceu em Pádua, na Itália, em 13 de junho de 1231. Recebeu o nome de Antônio ao passar, em 1220, da Ordem de Santo Agostinho para a Ordem de São Francisco e é conhecido como Santo Antônio de Lisboa ou Santo Antônio de Pádua.

Santo Antônio era admirado por seus dotes de ótimo orador, pois quando pregava a palavra de Deus ela era entendida até mesmo por estrangeiros. É por assim dizer o "santo dos milagres", como afirmou o padre Antônio Vieira em um sermão de 1663 realizado no Maranhão: "Se vos adoece o filho, Santo Antônio; se vos foge um escravo, Santo Antônio; se requereis o despacho, Santo Antônio; se aguardais a sentença, Santo Antônio; se perdeis a menor miudeza de vossa casa, Santo Antônio; e, talvez se quereis os bens alheios, Santo Antônio".

É o santo familiar e protetor dos varejistas em geral, por isso é comum encontrar sua figura em estabelecimentos comerciais. É também o padroeiro das povoações e dos soldados, pois enfrentou em vida aventuras guerreiras como soldado português. Sua figura aparece com destaque em episódios da História do Brasil: teria desempenhado o papel de heróico defensor da integridade do solo brasileiro, como explicam os cronistas que relatam a libertação de Pernambuco dos holandeses, assim como os que falam da defesa da colônia do Sacramento, ao Sul, e do Rio de Janeiro com relação aos franceses, atribuindo a vitória à proteção deste santo.

Sua influência é marcante entre o povo brasileiro. Seus devotos, em geral, não têm em casa uma imagem grande do santo e preferem levar no bolso uma pequena para se proteger. É a ele que as moças ansiosas pedem um noivo. A prática de colocar o santo de cabeça para baixo no sereno, amarrada num esteio, ou de jogá-lo no fundo do poço até que o pedido seja atendido, por exemplo, é bastante comum entre os devotos.

Dos santos juninos, somente Santo Antônio é feito de madeira. Em geral, é esculpido em nó de pinho, daí terem surgido os versos:

Meu querido Santo Antônio
feito de nó de pinho,
com vós arranjo o que quero,
porque peço com jeitinho.

Os devotos mais exagerados só confiam seu pedido à imagem do Santo Antônio das igrejas franciscanas, procuradas especialmente nas terças-feiras e de modo particular no dia 13 de junho.

Todos são devotos desse santo "camarada". Os cantadores se apegam muito a Santo Antônio para tentar vencer os desafios, pois o consideram o mais fiel e o maior intercessor; os vaqueiros pedem proteção contra o estouro da boiada e os pescadores acreditam que no dia 13 de junho as redes se enchem de peixes. Basta lançá-las dizendo:

No dia 13 de junho
é pô a rede e tirá:
os peixes 'stão na fiúza de Santo Antônio falá.

Em homenagem a Santo Antônio, geralmente realizam-se duas espécies de rezas e festas: os responsos, quando ele é invocado para achar objetos perdidos, e a trezena, cerimônia que se prolonga com cânticos, foguetório e comes e bebes de 1º a 13 de junho de cada ano. 

Santo Antônio, São João e São Pedro: Simpatias, sortes e adivinhas para Santo Antônio 


O relacionamento entre os devotos e os santos juninos, principalmente Santo Antônio e São João, é quase familiar: cheio de intimidades, chega a ser, por vezes, irreverente, debochado e quase obsceno. Esse caráter fica bastante evidente quando se entra em contato com as simpatias, sortes, adivinhas e acalantos feitos a esses santos:

Confessei-me a Santo Antônio,
confessei que estava amando.
Ele deu-me por penitência
que fosse continuando.

Os objetos utilizados nas simpatias e adivinhações devem ser virgens, ou seja, estar sendo usados pela primeira vez, senão? nada de a simpatia funcionar! A seguir, algumas simpatias feitas para Santo Antônio:

Em certas zonas paulistas, como na Serrana e na Mantiqueira, Santo Antônio recebe um vintém para achar os animais perdidos nas matas e uma pequena moeda de cobre para o porco voltar ao chiqueiro. Moças solteiras, desejosas de se casar, em várias regiões do Brasil, colocam-no de cabeça para baixo atrás da porta ou dentro do poço ou enterram-no até o pescoço. Fazem o pedido e, enquanto não são atendidas, lá fica a imagem de cabeça para baixo. E elas pedem:

Meu Santo Antônio querido,
meu santo de carne e osso,
se tu não me dás marido,
não tiro você do poço.
Meu querido Santo Antônio,
feito de nó de pinho,
me arranje um casamento
com um moço bonitinho (ou bonzinho).
Santo Antônio, casamenteiro,
não deixe a (dizer o nome) ficar solteira.
Santo Antônio, me case já,
enquanto sou moça e viva.
O milho colhido tarde
não dá palha nem espiga.
Minha avó tem lá em casa
um Santo Antônio velhinho.
Em os moços não me querendo
dou pancadas no santinho.
Santo Antônio, Santo Antônio,
abaixai-me esta barriga,
que não sei que tem dentro,
se é rapaz ou rapariga.
Santo Antônio pequenino,
mansador de burro brabo,
vem amansar minha sogra,
que é levada do diabo.

Para arrumar namorado ou marido, basta amarrar uma fita vermelha e outra branca no braço da imagem de Santo Antônio, fazendo a ele o pedido. Rezar um Pai-Nosso e uma Salve-Rainha. Pendurar a imagem de cabeça para baixo sob a cama. Ela só deve ser desvirada quando a pessoa alcançar o pedido.

Para sonhar com o noivo, basta colocar três rosas vermelhas debaixo do travesseiro na véspera de Santo Antônio.

A moça quer saber com quem vai se casar? Então, no dia de Santo Antônio, em cada refeição que fizer, deve deixar um pouco de comida no prato. No final do dia, ela precisa rezar para Nossa Senhora e pedir para que o homem amado venha comer os restos que deixou durante o dia. Depois é só adormecer, e o amado aparecerá em seus sonhos comendo a comida.

No dia 13, é comum ir à igreja para receber o "pãozinho de Santo Antônio", que é dado gratuitamente pelos frades. Em troca, os fiéis costumam deixar ofertas. O pão, que é bento, deve ser deixado junto aos demais mantimentos para que estes não faltem jamais.

Feito um pedido a Santo Antônio, caso a pessoa tenha pressa em ser atendida, deve rezar um Pai-Nosso pela metade que o santo a atenderá logo, para que o suplicante termine a oração.

Santo Antônio também é bastante lembrado nos acalantos: 

Numa ponta, Santo Antônio,
noutra ponta, São João,
no meio, Nossa Senhora,
com seu raminho na mão.

Se o noivado não vai muito bem ou se está se prolongando muito, as donzelas rezam a seguinte oração:

Padre Santo Antônio dos cativos, vós que sois um amarrador certo, amarrai, por vosso amor, quem de mim quer fugir, empenhai o vosso hábito e o vosso santo cordão com algemas fortes e duros grilhões que façam impedir os passos de (nome do amado), que de mim quer fugir, e fazei, ó meu bem-aventurado Santo Antônio, que ele case comigo sem demora!

Pelos vossos milagres; pela palavra quando a Jesus faláveis; pela defesa do vosso pai, um pedido eis-me a fazer. Abrandai a ira do mar; o sopro do vento; o negrume da noite; a chama abrasadora do sol; a frialdade da lua; a voracidade das feras; o horror dos desertos. Depois de tudo isso, abrandai o que de mais empedernido existe sobre a terra: o coração dos homens. Oh!, meu milagroso Santo Antônio, fazei com que aquele por quem meu coração chama ouça a minha voz e, ouvindo-a, vá aos pés de Deus Nosso Senhor, comigo, vossa humilde devota.



Santo Antônio, São João e São Pedro: A festa de Santo Antônio 


Nos primeiros treze dias de junho, os devotos de Santo Antônio rezam as trezenas com o intuito de alcançar graças através da sua intervenção ou de agradecer um milagre que o santo tenha realizado: 

Se queres milagres,
implora confiante
de Antônio o favor.
Seu braço é tão forte
que do erro e da morte
destrói o furor...

O folclorista Basílio de Magalhães, no artigo ?Santos padroeiros no domínio folclórico?(Cultura Política, n. 35, dez. 1943), descreve uma festa de Santo Antônio na cidade de Guarabira (Espírito Santo): na noite de 13 de junho, no centro de um terreiro bem varrido, decorado com bambu e bandeirinhas de papel coloridas, encontra-se um mastro com uma bandeira e a figura de Santo Antônio em seu topo. Numa casa em frente, há um oratório preparado com a imagem do padroeiro da festa. Em determinado momento, começam as cantorias e danças matutas/caipiras ao som de violas, pandeiros e tambor. Os devotos entram dançando no meio do terreiro e cantam:

Fui ao mato cortar lenha,
Santo Antônio me chamou.
Quando o santo chama a gente
que fará os pecador.
E todos na roda respondem: Na porta da sala,
tá me chamando.
Oh gente danada,
tá me xingando!
Eu não sou daqui,
vou me arretirando.
Ai, ai, ai! Ai, ai, ai!
Santo Antônio me chamou!

Como o dia de Santo Antônio é comemorado alguns dias antes do nascimento de São João, estão presentes em suas festividades elementos próprios das festas deste último, como os fogos e a fogueira.

Santo Antônio, São João e São Pedro: São João, a purificação pelo batismo -


João Batista nasceu no dia 24 de junho, alguns anos antes de seu primo Jesus Cristo, e morreu em 29 de agosto do ano 31 d.C., na Palestina. Foi degolado por ordem de Herodes Antipas a pedido de sua enteada Salomé, pois a pregação do filho de Santa Isabel e São Zacarias incomodava a moral da época. Antes mesmo de Jesus, João Batista já pregava publicamente às margens do rio Jordão. Ele instituiu, pela prática de purificação através da imersão na água, o batismo, tendo inclusive batizado o próprio Cristo nas águas desse rio.

São João ocupa papel de destaque nas festas, pois, dentre os santos de junho, foi ele que deu ao mês o seu nome (mês de São João) e é em sua homenagem que se chamam "joaninas" as festas realizadas no decurso dos seus trinta dias. O dia 23 de junho, véspera do nascimento de São João e início dos festejos, é esperado com especial ansiedade. Segundo Frei Vicente do Salvador, um dos primeiros brasileiros a escrever a história de sua terra, já no ano de 1603 os índios acudiam a todos os festejos portugueses, em especial os de São João, por causa das fogueiras e capelas.

São João é muito querido por todos, sem distinção de sexo nem de idade. Moças, velhas, crianças e homens o fazem de oráculo nas adivinhações e festejam o seu dia com fogos de artifício, tiros e balões coloridos, além dos banhos coletivos de madrugada. Acende-se uma fogueira à porta de cada casa para lembrar a fogueira que Santa Isabel acendeu para avisar Nossa Senhora do nascimento do seu filho.

São João, segundo a tradição, adormece no seu dia, pois se estivesse acordado vendo as fogueiras que são acesas para homenageá-lo não resistiria: desceria à Terra e ela correria o risco de incendiar-se. 


Santo Antônio, São João e São Pedro: A lenda do surgimento da fogueira de São João -


Dizem que Santa Isabel era muito amiga de Nossa Senhora e, por isso, costumavam visitar-se. Uma tarde, Santa Isabel foi à casa de Nossa Senhora e aproveitou para contar-lhe que dentro de algum tempo nasceria seu filho, que se chamaria João Batista.

Nossa Senhora então perguntou:
- Como poderei saber do nascimento dessa criança?
- Vou acender uma fogueira bem grande; assim você poderá vê-la de longe e saberá que João nasceu. Mandarei também erguer um mastro com uma boneca sobre ele.

Santa Isabel cumpriu a promessa. Certo dia Nossa Senhora viu ao longe uma fumaceira e depois umas chamas bem vermelhas. Foi à casa de Isabel e encontrou o menino João Batista, que mais tarde seria um dos santos mais importantes da religião católica. Isso se deu no dia 24 de junho. 






Santo Antônio, São João e São Pedro: A lenda das bombas de São João 

Antes de São João nascer, seu pai, São Zacarias, andava muito triste por não ter filhos. Certa vez, um anjo de asas coloridas, envolto em uma luz misteriosa, apareceu à frente de Zacarias e anunciou que ele seria pai.

A alegria de Zacarias foi tão grande que ele perdeu a voz desse momento em diante. No dia do nascimento do filho, perguntaram a Zacarias como a criança se chamaria. Fazendo um grande esforço, ele respondeu "João" e a partir daí recuperou a voz. Todos fizeram um barulhão enorme. Foram vivas para todos os lados.

Vem daí o costume de as bombinhas, tão apreciadas pelas crianças, fazerem parte dos festejos juninos.

Santo Antônio, São João e São Pedro: Simpatias, sortes e adivinhas para São João -

A moça deve apanhar pimentas num pé de pimenteira com os olhos vendados. Caso ela colha pimenta verde, seu noivo será jovem; se for madura, o casamento será com um velho ou viúvo; se a pimenta for de verde para madura, o casamento será com um homem de meia-idade.

==X==
Aplicar um jejum forçado a um galo por três dias. À noite, no terreiro iluminado, colocar montículos de milho nos pés de moços e moças, que devem ter formado uma grande roda. Soltar, então, o galo faminto no centro. O montículo de milho escolhido pelo galináceo será daquele(a) que se casará em breve.
==X==
Passar descalço sobre as brasas da fogueira com uma faca nova na mão. A seguir, enfiar a faca numa bananeira. No outro dia, pela manhã, retirá-la e interpretar o desenho, ou melhor, as iniciais do nome da pessoa com quem vai se casar.
==X==
Na noite de São João, escrever o nome de quatro pretendentes em cada ponta do lençol e dar um nó em cada uma delas. De manhã, o nó que estiver desmanchado tem o nome daquele com quem a pessoa vai se casar.
==X==
No dia de São João, perguntar o nome do primeiro mendigo que lhe pedir esmolas. Esse será o nome do futuro cônjuge.
==X==
Na noite de São João, encher uma bacia com água e ir com ela para a beira da fogueira. Rezar então uma Ave-Maria e, quando terminar, aparecerá na água a sombra do rapaz com quem a moça se casará.
==X==
Escrever três nomes em pedaços de papel. Dobrá-los bem e colocar, aleatoriamente, um no fogão, outro na rua e o último sob o travesseiro. Ao amanhecer, desdobrar o que está sob o travesseiro; esse será o futuro cônjuge.
==X==
Na noite de São João, passar um ramo de manjericão na fogueira e jogá-lo no telhado. Se na manhã seguinte ele estiver verde, a pessoa vai se casar com moço. Se estiver murcho, o noivo será velho.
==X==
Ainda ao pé da fogueira, segurar um papel branco e passá-lo por cima da fogueira. Sem deixar o papel queimar, girá-lo enquanto se reza uma Salve-Rainha. A fumaça vai desenhar o rosto do futuro marido.
==X==
Na noite de 23 de junho, quebrar um ovo dentro de um copo e deixá-lo ao relento. Na manhã seguinte, interpretar o que está desenhado na clara: torre de igreja é casamento (em algumas regiões do Brasil) ou ingresso na vida religiosa (Maranhão); túmulo, caixão de defunto ou rede de defunto significa morte na certa em algumas regiões; em outras, a rede também pode ser interpretada como renda, de que é feito o véu de noiva; significa, portanto, casamento.
==X==
Encher uma bacia ou prato virgem com água e levá-la para a beira da fogueira na noite de São João. Acender então uma vela e, enquanto se vai rezando uma Ave-Maria, deixar os pingos da cera caírem na água. Depois é só interpretar a inicial do nome da pessoa com quem vai se casar.
==X==
Pôr três pratos sobre uma mesa: um com flores, outro com água e o terceiro com um terço ou rosário. Os candidatos à sorte entram na sala com os olhos vendados e postam-se atrás das cadeiras à frente das quais estão os pratos. As flores significam casamento; o terço, ingresso na vida religiosa; a água, viagem. Esta é uma sorte característica de regiões marítimas ou fluviais.
==X==
Quando estiverem soltando um balão, pensar em algo que se deseja. Se ele subir, acontecerá o que se pensou; caso se incendeie, certamente o ?sorteiro? ficará solteiro.
==X==
Prender uma fita no travesseiro e rezar para São João. No outro dia, se ela aparecer solta é porque a pessoa vai se casar.
==X==
Numa bacia com água, colocar duas agulhas. Se elas se juntarem, é sinal de que a pessoa deve se casar em breve.
==X==
Às 6 da tarde da véspera de São João, pôr um cravo num copo com água. Na manhã seguinte, se ele estiver viçoso, é sinal de casamento; se estiver murcho, nada de casamento.
==X==
Para curar verrugas, passar sobre elas o primeiro ramo que encontrar ao clarear o dia de São João.
==X==

À meia-noite de São João, aquele que não enxergar sua imagem completa no rio morrerá logo. Quem enxergar seu corpo apenas -

Esta oração está presente em muitas adivinhações de São João e Santo Antônio.

Salve-Rainha, mãe de misericórdia, vida, doçura e esperança nossa, salve!
A vós bradamos, os degredados filhos de Eva.
A vós suspiramos, gemendo e chorando, neste vale de lágrimas.
Eia, pois, advogada nossa,
esses vossos olhos misericordiosos a nós volvei
e depois deste desterro mostrai-nos Jesus,
bendito fruto do vosso ventre,
ó clemente, ó piedosa, ó doce sempre Virgem Maria.
Rogai por nós, Santa Mãe de Deus,
para que sejamos dignos das promessas de Cristo.



Santo Antônio, São João e São Pedro: A festa de São João

Em festa de São João, na maioria das regiões brasileiras, não faltam fogos de artifício, fogueira, muita comida (o bolo de São João, principalmente nos bairros rurais, é essencial), bebida e danças típicas de cada localidade.

No Nordeste, por exemplo, essa festa é tão tradicional que no dia 23 de junho, depois do meio-dia, em algumas localidades ninguém mais trabalha. Enfeitam-se sítios, fazendas e ruas com bandeirolas coloridas para a grande festa da véspera de São João. Prepara-se a lenha para a grande fogueira, onde serão assados batata-doce, mandioca, cebola do reino e milho. Em torno dela sentam-se os familiares de sangue e de fogueira.

O formato da fogueira varia de lugar para lugar: pode ser quadrada, piramidal, empilhada? Quanto mais alta, maior é o prestígio de quem a armou. A madeira utilizada também varia bastante: pinho, peroba, maçaranduba, piúva. Não se queimam cedro, imbaúba nem as ramas da videira, por terem uma relação estreita com a passagem de Jesus na terra.

Os balões levam, segundo os devotos, os pedidos para o santo. Quando a fogueira começa a queimar, o mastro, que recebeu a bandeira do santo homenageado, já se encontra preparado. Ele é levantado enquanto se fazem preces, pedidos e simpatias:

São João Batista, batista João,
levanto a bandeira
com o livro na mão.
O nosso corpo é uma podridão,
no fundo da terra,
no centro do chão.
São João adormeceu
no colo de sua tia.
Se meu São João soubesse
quando era seu dia,
descia do céu na terra
cum bandeira de alegria.

Depois do levantamento do mastro, tem início a queima de fogos, soltam-se os busca-pés e as bombinhas. A arvorezinha, também chamada de mastro, que é plantada em frente às casas e, no lugar da festa, é plantada perto da fogueira, está enfeitada com laranja, milho verde, coco, presentes, garrafas, etc.

A cerimônia do batismo simbólico de São João Batista faz parte da tradição da festa, mesmo que ela tenha deixado de ser praticada em alguns lugares hoje em dia. Os devotos se dirigem ao rio cantando com entusiasmo:

Vamos, vamos,
toca a marchar,
n'água de São João
vamos nos lavar.

Depois do banho coletivo, todos voltam para o terreiro cantando:

N'água de São João me lavei.
Toda mazela que tinha deixei!

Ou ainda trazem na cabeça grinaldas de folhagens: 

Capelinha de melão
é de São João.
É de cravo, é de rosa,
é de manjericão.

A cerimônia do banho varia de uma região para outra. No Mato Grosso, por exemplo, não são as pessoas que se banham nos rios, e sim a imagem do santo. Na Região Norte, principalmente em Belém e Manaus, o banho-de-cheiro faz parte das tradições juninas. A preparação do banho de São João inicia-se alguns dias antes da festa. Trevos, ervas e cipós são pisados, raízes e paus são ralados dentro de uma bacia ou cuia com água e depois guardados em garrafas até o momento do banho. Chegada a hora da cerimônia, os devotos lavam e esfregam o corpo com esses ingredientes. Acredita-se que o banho-de-cheiro tenha o poder mágico de trazer muita felicidade às pessoas que o praticam.

As danças regionais, o som de violas, rabecas e sanfonas, o banho do santo, o ato de pular a fogueira, a fartura de alimentos e bebidas - tudo isso transforma a festa de São João numa noite de encantamento que inspira amores e indica a sorte de seus participantes. No fim da festa, todos pisam as brasas da fogueira para demonstrar sua devoção. 

Santo Antônio, São João e São Pedro: A festa de São Pedro 

Em homenagem ao santo, acendem-se fogueiras, erguem-se mastros com sua bandeira e queimam-se fogos, porém não há, na noite de 29 de junho, a mesma empolgação presente na festa de São João.

Também se fazem procissões terrestres, organizadas pelas viúvas, e fluviais, pois, como vimos, São Pedro é o protetor dos pescadores e das viúvas. Em várias regiões do Brasil, a brincadeira mais comum na festa é a do pau-de-sebo. 

Embora São Paulo também seja homenageado em 29 de junho, ele não é figura de destaque nas festividades desse mês. 

Casamento Caipira ou Matuto

O casamento caipira ou matuto aborda de forma bem-humorada a instituição do casamento e as relações sexuais pré-nupciais e suas conseqüências. Seu enredo, com algumas variações de uma região para outra, é o seguinte:

A noiva fica grávida antes do casamento e seus pais obrigam o noivo a se casar com ela. Como ele tenta fugir, o pai pede a interferência do delegado e de seus ajudantes. Em algumas localidades, o casamento civil é realizado após a cerimônia religiosa, sob a vigilância do delegado e de seus auxiliares. Depois, é só acompanhar a sanfona, o triângulo e a zabumba e comemorar o casamento com a dança da quadrilha. 






Casamento Caipira ou Matuto: Sugestão para a representação do casamento caipira ou matuto 

Personagens
Padre, coroinha, noiva, noivo, delegado, ajudantes do delegado, pais da noiva e padrinhos.

Cenário
Representação de um altar de igreja ou capela. Os convidados estão posicionados em duas fileiras, deixando o centro para a noiva. O padre anuncia a chegada da noiva, que entra com o pai e vai até o altar, onde estão o padre, devidamente paramentado, seu coroinha e os padrinhos e pais dos noivos. Os personagens, carregando bastante no sotaque interiorano, dizem o seguinte: 

PADRE: A noiva tá chegano! Vamo batê parma pr?ela, pessoar!!! Cadê o noivo??? 

NOIVA: Ai, mãe, ele num vem, acho que vou dismaiá... (E, simulando um desmaio, é acudida pela mãe e pela madrinha.) O pai da noiva faz um sinal para o delegado e cochicha com ele. 

DELEGADO: Peraí, seu padre, eu já vô buscá ele. (Sai acompanhado por dois ajudantes, armados de espingarda e cassetetes.) Entra o noivo empurrado pelo delegado, que permanece no altar, grande parte da cerimônia, atrás do noivo, para que ele não fuja. 

PADRE: Bão, vamo começá logo esse casório. Ocê, Chiquinha Dengosa, promete, de coração, pra marido toda vida o Pedrinho Foguetão? 

NOIVA: Mas que pregunta isquisita seu vigário faz pra mim. Eu vim aqui mais o Pedrinho num foi pra dizê que sim??? 

PADRE: E ocê, Pedrinho, que me olha assim tão prosa, qué mesmo pra sua esposa a sinhá Chiquinha Dengosa? 

NOIVO: Num havia de querê, num é essa minha opinião, mas, se não caso com a Chiquinha, vô direto pro caixão... (Vira-se para o delegado, que está com a espingarda em punho.) 

PADRE: Então, em nome do cravo e do manjericão, caso a Chiquinha Dengosa com o Pedrinho Foguetão! E viva os noivos! 

CONVIDADOS: Viva!!! (Conforme os noivos passam pelos convidados, pode-se jogar arroz.) 

PADRE: E vamo pro baile, pessoar!!! - See more at: 

Danças Juninas: Origem da quadrilha

Também chamada de quadrilha caipira ou de quadrilha matuta, é muito comum nas festas juninas. Consta de diversas evoluções em pares e é aberta pelo noivo e pela noiva, pois a quadrilha representa o grande baile do casamento que hipoteticamente se realizou.

Esse tipo de dança (quadrille) surgiu em Paris no século XVIII, tendo como origem a contredanse française, que por sua vez é uma adaptação da country dance inglesa, segundo os estudos de Maria Amália Giffoni.

A quadrilha foi introduzida no Brasil durante a Regência e fez bastante sucesso nos salões brasileiros do século XIX, principalmente no Rio de Janeiro, sede da Corte. Depois desceu as escadarias do palácio e caiu no gosto do povo, que modificou suas evoluções básicas e introduziu outras, alterando inclusive a música.

A sanfona, o triângulo e a zabumba são os instrumentos musicais que em geral acompanham a quadrilha. Também são comuns a viola e o violão. Nossos compositores deram um colorido brasileiro à sua música e hoje uma das canções preferidas para dançar a quadrilha é Festa na roça, de Mario Zan.

O marcador, ou "marcante", da quadrilha desempenha papel fundamental, pois é ele que dá a voz de comando em francês não muito correto misturado com o português e dirige as evoluções da dança. Hoje, dança-se a quadrilha apenas nas festas juninas e em comemorações festivas no meio rural, onde apareceram outras danças dela derivadas, como a quadrilha caipira, no Estado de São Paulo, o baile sifilítico, na Bahia e em Goiás, a saruê (combina passos da quadrilha com outros de danças nacionais rurais e sua marcação mistura francês e português), no Brasil Central, e a mana-chica (quadrilha sapateada) em Campos, no Rio de Janeiro.

A quadrilha é mais comum no Brasil sertanejo e caipira, mas também é dançada em outras regiões de maneira muito própria, caso de Belém do Pará, onde há mistura com outras danças regionais. Ali, há o comando do marcador e durante a evolução da quadrilha dança-se o carimbó, o xote, o siriá e o lundum, sempre com os trajes típicos.

Danças Juninas: Trajes usados na dança

No fim do século XIX as damas que dançavam a quadrilha usavam vestidos até os pés, sem muita roda, no estilo blusão, com gola alta, cintura marcada, mangas "presunto" e botinas de salto abotoadas do lado. Os cavalheiros vestiam paletó até o joelho, com três botões, colete, calças estreitas, camisa de colarinho duro, gravata de laço e botinas.

Hoje em dia, na tradição rural brasileira, o vestuário típico das festas juninas não difere do de outras festas: homens e mulheres usam suas melhores roupas. Nos centros urbanos, há uma interpretação do vestuário caipira ou sertanejo baseada no hábito de confeccionar roupas femininas com tecido de chita florido e as masculinas com tecidos de algodão listrados e escuros. Assim, as roupas usadas para dançar a quadrilha variam conforme as características culturais de cada região do país.

Os trajes mais comuns são: para os cavalheiros, camisa de estampa xadrez, com imitação de remendos na calça e na camisa, chapéu de palha, talvez um lenço no pescoço e botas de cano; as damas geralmente usam vestidos com estampas florais, de cores fortes, com babados e rendas, mangas bufantes e laçarotes no cabelo ou chapéu de palha. 

Danças Juninas: Sugestão para a evolução da quadrilha caipira 


Caminho da festa: os pares seguem atrás dos noivos, iniciando a dança e parando em determinado momento no centro terreiro.

Anariê (do francês en arrière, para trás): as damas e os cavalheiros se separam (4 metros, aproximadamente), formando duas colunas.

Os cavalheiros cumprimentam as damas: eles se aproximam das damas, cumprimentando-as. Flexionam o tronco, mantendo a cabeça erguida, e voltam a seus lugares, caminhando de costas.

As damas cumprimentam os cavalheiros: elas repetem a evolução dos cavalheiros.

Saudação geral: tanto as damas como os cavalheiros andam para a frente e, quando se encontram, cumprimentam-se.

"Balancê" e "tur" (balanceio e giro): damas e cavalheiros fazem o passo no lugar, balançando os braços naturalmente, e giram dançando juntos.

Grande passeio: as damas colocam-se à direita dos cavalheiros e os dois dão-se os braços. Do lado de fora o outro braço continua balanceando ao longo do corpo. Formam um círculo e seguem dançando. Quando o marcador anuncia nova evolução, a progressão cessa e os participantes fazem o que foi ordenado.

"Changê" de damas (trocar de damas): no grande passeio, os cavalheiros avançam e colocam-se ao lado da dama imediatamente à frente. Se for dito "mais uma vez", repetem o movimento. Os comandos "passar duas" e "passar quatro" também são executados pelo cavalheiro.

Olha o túnel: os noivos, que estão na frente, param e elevam os braços internos para cima e, de mãos dadas, fazem o túnel. O segundo par flexiona o tronco, passa pelo túnel, coloca-se à frente dos noivos e eleva os braços, e assim sucessivamente, até que todos passem. Executa-se o passo no lugar durante essa evolução. Segue o passeio: é a voz de comando para que o grande passeio continue.

Caminho da roça: as fileiras de damas e cavalheiros fundem-se, formando uma só coluna. O primeiro segura, com as mãos à altura dos ombros, as mãos de quem está atrás. Os demais colocam as mãos nos ombros de quem está à sua frente. A coluna progride, fazendo curvas para um lado e para outro, como se fosse uma serpente. O marcador da quadrilha continua dando voz de comando.

Olha a chuva!: todos dão meia-volta.

Já passou!: todos dão meia-volta novamente dizendo "ehh!".

Olha a cobra!: as damas gritam e pulam, os cavalheiros procuram segurá-las em seus braços.

É mentira!: os "caipiras" ou "matutos" continuam o passo e gritam "uhh!".

A ponte quebrou!: todos dão meia-volta novamente.

Já consertou!: voltam a dançar no outro sentido.

Olha o caracol!: em coluna e com as mãos ainda sobre os ombros de quem está à frente, todos obedecem às ordens do marcador, que começará a descrever um percurso cheio de curvas que fazem lembrar o casco de um caracol. Quando o marcador disser "desvirar", o guia deverá fazer as curvas em sentido contrário, voltando a dançar em linha reta.

Formar a grande roda: os participantes da quadrilha dão as mãos formando uma grande roda e, ao ouvir a voz de comando "à direita", "à esquerda", deverão se deslocar no sentido determinado pelo marcador. 

Damas ao centro: as damas formam uma roda no centro e deslocam-se no sentido indicado pelo marcador.

Coroa de rosas: os cavalheiros, de mãos dadas, erguem os braços na vertical sobre a cabeça das damas, como se as coroassem, depois abaixam os braços passando-os pela frente, até a altura da cintura das damas, contornando-as. Fazem o passo no lugar durante a coroação. Depois podem deslocar-se "à direita" e "à esquerda".

Coroa de espinhos: nesse momento, são as damas quem elevam os braços sobre a cabeça dos cavalheiros, coroando-os.

Olha o grande passeio!: repetem a formação descrita anteriormente.

Vai começar o grande baile, olha a valsa dos noivos!: os noivos entram no centro da roda e dançam juntos.

Olha os padrinhos!: os padrinhos dançam no centro da roda.

Baile geral!: todos os pares dançam no centro da roda.

O grande baile está acabando. Vamos nos despedir do pessoal!: todos executam a evolução do grande baile e se retiram do centro do terreiro, despedindo-se das pessoas que estão assistindo. 


Danças Juninas: Fandango

Dançado em várias regiões do país em festividades católicas como o Natal e as festas juninas, o fandango tem sentidos diferentes de acordo com a localidade. No Sul (Paraná, Santa Catarina, Rio Grande do Sul e até em São Paulo) o fandango é um baile com várias danças regionais: anu, candeeiro, caranguejo, chimarrita, chula, marrafa, pericó, quero-quero, cana-verde, marinheiro, polca, etc. A coreografia não é improvisada e segue a tradição. 

O fandango se divide em três grupos nessa região:
1. Batidos: caracterizam-se pelo forte sapateado, barulhento, que quase abafa o conjunto de tocadores. Apenas os homens sapateiam.
2. Valsados: dança lenta com pares fixos, do começo ao fim.
3. Mistos: as valsas são intercaladas de batidos.

Em São Paulo, o fandango é uma dança que se aproxima do cateretê e às vezes é sinônimo de chula (bailado masculino muito comum no Rio Grande do Sul, de coreografia agitada e bastante complexa).

No Norte do Brasil, o fandango não é baile nem dança de par ou individual. É sempre um auto popular, seqüência de temas com certa articulação, que tem origem na convergência das cantigas portuguesas, como aponta Cascudo (1988, p. 320 e 321), e está presente no nosso país desde a primeira década do século XIX. 

Já no Nordeste brasileiro, o fandango é o auto característico dos marujos, sendo conhecido também como chegança dos marujos ou marujada.

cana-verde, dançada principalmente no Sul e no Centro do Brasil, apesar de fazer parte do fandango, também é bem popular em outras festividades. Nas festas juninas, as quadras dessa dança são geralmente improvisadas, podendo encarregar-se dessa tarefa tanto os violeiros como os próprios dançadores.

Eu plantei caninha-verde
sete palmos de fundura.
Quando foi de madrugada
a cana 'stava madura.
Uai, uai, sete palmos de fundura.
Quando foi de madrugada
a cana 'stava madura.
Pra cantar caninha-verde
não precisa imaginá.
De qualquer folha de mato
tiro um verso pra cantá.
Eu tenho um chapéu de palha,
de pano não posso ter.
De palha eu mesmo faço,
de pano não sei fazer.
Eu tenho um chapéu de palha
que custou mil e quinhentos.
Quando eu ponho na cabeça
não me falta casamento.

Formação
Forma-se uma roda em fila, no sentido dos ponteiros do relógio. A cana-verde pode ser dançada só por homens e também por pares.

Movimentação
Os participantes deslocam-se, saindo com o pé esquerdo (eu); no quarto passo, batem o pé direito (verde) com uma palma para o centro da roda. Quando cantam ?madrugada?, a palma deverá estar do lado de fora, sempre junto com o pé direito. No refrão (uai, uai) a roda faz meia-volta, girando no sentido contrário, e segue sempre a mesma movimentação, ou seja, uma palma para dentro e outra para fora, sempre batendo com o pé direito. No Maranhão, essa dança é executada de forma bastante semelhante à da quadrilha. 

Danças Juninas: Bumba-meu-boi

Dança dramática presente em várias festividades, como o Natal e as festas juninas, o bumba-meu-boi tem características diferentes e recebe inclusive denominações distintas de acordo com a localidade em que é apresentado: no Piauí e no Maranhão, chama-se bumba-meu-boi; na Amazônia, boi-bumbá; em Santa Catarina, boi-de-mamão; no Recife, é o boi-calemba e no Estado do Rio de Janeiro, folguedo-do-boi.

O enredo da dança é o seguinte: uma mulher grávida (cujo nome varia de acordo com a região do Brasil) sente vontade de comer língua de boi. O marido resolve atender a seu desejo e mata o primeiro boi que encontra. Logo depois, o dono do boi, que era seu patrão, aparece e fica muito zangado ao ver o animal morto. Para consertar a situação, surge um curandeiro, que consegue ressuscitar o boi. Nesse momento, todos se alegram e começam a brincar.

Os participantes do bumba-meu-boi dançam e tocam instrumentos enquanto as pessoas que assistem se divertem quando o boi ameaça correr atrás de alguém. O boi do espetáculo é feito de papelão ou madeira e recoberto por um pano colorido. Dentro da carcaça, alguém faz os movimentos do boi. 



http://portaldoprofessor.mec.gov.br/fichaTecnicaAula.html?aula=1652



Danças Juninas: Lundu

De origem africana, o lundu foi trazido para o Brasil pelos escravos vindos principalmente de Angola. Nessa dança, homens e mulheres, apesar de formar pares, dançam soltos. 

A mulher dança no lugar e tenta seduzir com seus encantos o parceiro. A princípio ela demonstra certa indiferença, mas, no desenrolar da dança, passa a mostrar interesse pelo rapaz, que a seduz e a envolve. Nesse momento, os movimentos são mais rápidos e revelam a paixão que passa a existir entre os dançarinos. Logo o cavalheiro passa a provocar outra dama e o lundu recomeça com a mesma vivacidade.

O lundu é executado com o estalar dos dedos dos dançarinos, castanholas e sapateado, além do canto acompanhado por guitarras e violões. Em geral, a música é executada como compasso binário, com certo predomínio de sons rebatidos. 

Essa dança é típica das festas juninas nos Estados do Norte (como parte da quadrilha tradicional e independente desta), Nordeste e Sudeste do Brasil. 

Danças Juninas: Cateretê

Dança rural do Sul do país, o cateretê foi introduzido pelos jesuítas nas comemorações em homenagem a Santa Cruz, São Gonçalo, Espírito Santo, São João e Nossa Senhora da Conceição. É uma dança bastante difundida nos Estados de São Paulo, Rio de Janeiro e Minas Gerais e também está presente nas festas católicas do Pará, Mato Grosso e Amazonas.

Nas zonas litorâneas, geralmente é dançado com tamancos de madeira dura. No interior desses Estados, os dançarinos dançam descalços (Taubaté, Cunha, Lagoinha) ou usam esporas nos sapatos (Barretos, Guaratinguetá, Itararé). Em algumas cidades o cateretê é conhecido como catira (Araçatuba, Nazaré Paulista, Piracaia e Pereira Barreto). 

Em geral, o cateretê é dançado apenas por homens, porém, em alguns Estados, como Minas Gerais, as mulheres também participam da dança. Os dançarinos formam duas fileiras, com acompanhamento de viola, cantos, sapateado e palmas. Os saltos e a formação em círculo aparecem rapidamente. Os dançarinos não cantam, apenas batem os pés e as mãos e acompanham a evolução. As melodias são cantadas por dois violeiros, o mestre, que canta a primeira voz, e o contramestre, que faz a segunda.

O Mastro

Como os demais elementos das festas juninas que estão diretamente relacionados com a época da colheita (do milho, principalmente, no Brasil), os mastros são símbolos da fecundação vegetal, segundo o folclorista Câmara Cascudo (1988, p. 481 e 482). 

No topo do mastro, que deve ter mais ou menos 5 a 6 metros de altura, fica a bandeira do santo padroeiro da festa, símbolo da sua presença durante a festividade. A crença popular é de que o mastro tem o poder de sinalizar, dependendo do lado para onde virar a bandeira que está no seu topo, muita prosperidade ou morte.

Em alguns lugares, colocam-se três bandeiras sobre o mastro, cada uma com a figura de um dos santos juninos: Santo Antônio é representado como um homem de meia-idade que segura o menino Jesus nos braços; São João é uma criança de cabelos encaracolados que tem um carneirinho no colo, simbolizando Jesus Cristo, apontado por São João Batista como o verdadeiro Cordeiro de Deus; São Pedro aparece na bandeira como uma pessoa idosa que tem nas mãos as chaves do céu.

A preparação do mastro, até a ocasião de seu erguimento, é parte essencial das festas em homenagem aos santos juninos, principalmente São João. O mastro recebe um tratamento especial desde o momento da escolha da madeira. O tronco da árvore deve ser o mais reto possível e ser cortado em uma sexta-feira de lua minguante por três pessoas que, antes de derrubá-lo, devem rezar o Pai-Nosso. No momento em que a árvore é derrubada e cai no chão, esses homens, em sinal de respeito, devem tirar o chapéu e evitar cuspir naquele lugar.

O transporte do tronco escolhido para mastro também requer cuidado especial. A madeira deve ser colocada sobre um tipo de andor ou nos ombros dos homens, que não precisam ser os mesmos que derrubaram a árvore. Na verdade, todos os homens que participarão da festa querem carregá-lo pelo menos por alguns instantes, até o seu levantamento. As mulheres levam a bandeira que será colocada em seu topo.

A preparação do mastro não inclui necessariamente a pintura. Quando ele é pintado, em geral adquire uma só cor no Norte do Brasil e duas cores no Sul, onde o azul e o vermelho são as cores preferidas. Evita-se pôr pregos no mastro e é geralmente o promotor da festa quem determina onde será feito o buraco para levantá-lo.

Também são chamadas de mastro as árvores que em geral nessa época, mais especificamente no dia de cada santo junino, são plantadas em frente às casas dos roceiros enquanto eles rezam a oração Salve-Rainha. Depois de erguidas, essas arvorezinhas são decoradas com fitas, flores, laranjas espetadas nos galhos e cipós de flor-de-são-joão. Seu pé fica repleto de ovos de galinha, grãos de milho e feijão, para assegurar que a colheita seja farta e haja uma boa produção de ovos, sem pestes nem doenças. 


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